Eleições, voto obrigatório, biometria… não se engane!
- Jason Prado, DP
- Oct 5, 2019
- 3 min read

São estratagemas da elite dominante para nos convencer que vivemos numa democracia e, assim, deixarmos que fiquem onde estão: vivendo como príncipes, às nossas custas, acima do bem e do mal.
Como a biometria é o movimento mais recente desse enredo, vamos começar por ela - trata-se de uma peneira de grosso calibre, com a qual estão querendo cobrir o sol. Imagine a quantidade de dinheiro que esse projeto vem consumindo há anos, em maquininhas, programas, contratações, relatórios, documentos refeitos, aditivos.
Mesmo se concordarmos que essa talvez seja a melhor maneira de acabar com os títulos fantasmas, não teria sido muito mais fácil punir exemplarmente os coronéis que se beneficiaram desses votos? A Justiça Eleitoral é seletiva e ineficaz, haja vista o julgamento do TSE que validou a eleição da chapa Dilma Temer, mesmo debaixo de uma enxurrada de provas.
O político se elege com todos os indícios e provas de falcatrua e se não for uma Geni de quem todos querem beber o sangue, fica quatro, oito anos procrastinando as ações nos Tribunais. Sempre terá um Ministro ou um Desembargador no plantão para reanimar o morto. Tente pesquisar sobre esses processos na Justiça Eleitoral.
Até os crimes de corrupção envolvendo esses “representantes do povo” e as eleições manipuladas conseguiram carta de alforria para serem julgados pela Justiça Eleitoral.
Por outro lado, por quê falta dinheiro para equipar as urnas eletrônicas com uma impressora capaz de imprimir os votos e o total de cada máquina, antes que esses arquivos sejam retirados e conectados na rede? Em que lugar do mundo a internet é totalmente segura? Como pode faltar dinheiro para uma coisa trivial e sobrar para uma tão complexa quanto esse recolhimento dos dados biométricos?
Mas essa é só a ponta do iceberg. Certamente ganharei novos adjetivos a partir dessa declaração, mas a quem interessa o voto obrigatório?
A quem controla os guetos, ou os “grotões”, como disse Lula enquanto foi oposição.
As comunidades inexpugnáveis, onde o adensamento populacional serve ao tráfico e à milícia, também servem aos que chegam ao poder pelo voto. O custo é módico, e a colheita é farta e certa. Recolhe-se no atacado.
Mas a um custo social absurdo: elege-se a máquina. Um novo tipo de coronel, que não precisa mais rasgar as cédulas para garantir o voto, mas se acumpliciar e fechar os olhos para esse território fora do Estado. O “dono do pedaço”, e não o representante do povo.
Essas comunidades são fazendas fechadas onde se cultiva o voto. Em inglês isso se chama "farming". E é por essa única razão que jamais deixarão de ser o que são: um lugar distante do Brasil que queremos.
Não faltam argumentos a favor desse voto obrigatório, mas vou me arriscar a dizer quando eles deixarão de existir magicamente, e você vai começar a ouvir exatamente o contrário: quando a milícia, o tráfico e os religiosos começarem a eleger os seus (deles) representantes, e expulsar esses falsos políticos do poder, desconhecidos que hoje compram votos no atacado e, eleitos, os vendem ao Executivo por qualquer maracutaia que amplie sua sobrevida… Não tem saída.
Essa, com certeza, é a origem dessas dinastias que surgiram nos últimos cinquenta anos. Quantos políticos elegem seus filhos desconhecidos e ainda imberbes hoje em dia?
Se o voto obrigatório fosse abolido hoje, desmontaria completamente a máquina que sustenta esse sistema político. Os partidos precisariam ter identidade partidária, programas claros e propostas exequíveis, e os debates seriam em torno de ideias. Tudo que eles não querem e não vão permitir.
Aliás, Partido Político no Brasil é a instituição menos democrática e mais anacrônica que existe. Não realizam eleições internas; pequenos grupos os controlam como condestáveis; as legendas são distribuídas por compadrio (e outras formas menos dignas); não fazem prévias internas; não têm compromisso programático…
E eles se colocam acima do bem e do mal: em seu nome se justificam as maiores barbaridades. Como essa nova proposta de alteração na Legislação Eleitoral e do Fundo Partidário, aprovadas de afogadilho pelo Congresso.
Estou convencido de que Democracia é o melhor sistema político que existe. O Poder do Povo pelo Povo.
Mas não tenho dúvida de que o nosso modelo de democracia está longe de ser essa maravilha que se diz a seu respeito. Assim como a nossa República está mais para Monarquia. Afinal, D. Pedro II não conseguiu fazer o que todo político faz hoje em dia: um sucessor na família.