top of page

Spoiler natural de O Mecanismo

  • Sérgio Bandeira de Mello, Gico
  • Mar 27, 2018
  • 2 min read

Leonardo Medeiros na série O Mecanismo

Acabei de assistir ao oitavo capítulo de O Mecanismo, que fecha a primeira temporada da série de José Padilha, baseada no Petrolão.

A melhor cena já se tornou viral nas redes sociais. É quando a incorporação do Paulo Roberto, preso no Paraná, comemora a ida do processo dele para a alçada do Supremo. Nada diz mais sobre o Brasil do que a felicidade demonstrada pelo diretor de Abastecimento da fictícia estatal Petrobrasil. Qualquer semelhança com o delator original, Paulinho do Lula, é mais que bem-vinda.

Portanto, a estreia da produção da Netflix no dia 23 de março parece ter sido combinada com o Supremo, que reservou ao mecanismo que comanda o país duas cenas memoráveis, que hão de se tornar arte com pitadas de psicopatia nas próximas temporadas. São elas: o embate em plenário entre Barroso e Gilmar, e a discussão sobre o habeas corpus de Lula. Já vejo um capítulo sendo encerrado por um ministro “Marco Antônio ou Luís Aurélio” brandindo seu check in antecipado para dar início à suprema páscoa togada.

Se você não acredita em Lula ou no coelhinho da Páscoa, trata-se do indício mais veemente do que vem por aí: um kinder ovo recheado de casuísmo que livrará da cadeia todos aqueles que não tiveram seus processos transitados em julgado, sinônimo de liberdade para todos os bandidos ricos, de colarinho branco ou não. Imagino a festa em Curitiba, na Papuda e no Palácio Prisional de Benfica.

Por essas e outras, o câncer a que o personagem de Selton Mello, Rufo, se refere a toda hora me parece muito evidente, mesmo não tendo acesso ao que vem por aí. As células cancerígenas só podem ser os caríssimos escritórios de advocacia dos criminalistas especializados em falcatruas econômicas e suas metástases políticas. Ainda não apareceu um “Tatay ou Gagay” entre os personagens, mas o medalhão não poderá faltar ao enredo para proteger os assaltantes da Petrobrasil a serviço dos governos petistas.

O chato de a trama ser ambientada no Brasil é que não há suspense, pois os bandidos sempre vencem no final. Acresça a essa sina a enorme desvantagem de pagarmos todos os dias pelos crimes cometidos pela quadrilha que põe o mecanismo para funcionar, que transforma poder político em poder econômico capaz de comprar votos e transformar dinheiro sujo em honorários senão limpos, legais. Legais pra eles, que fazem e interpretam as leis.

Nas cenas dos próximos capítulos reais, o advogado de Geddel pedirá isonomia baseado na Lei Lula de suspensão de cadeia.

Já o desfecho do mecanismo, trará o fim do foro privilegiado, porém com quatro instâncias para cada cristão. O juízo final chegará antes do acórdão, acordem.

bottom of page