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Em pedaços

  • Luciano Bastos, DP
  • Mar 27, 2018
  • 2 min read

EM PEDAÇOS (Aus dem nichts), ou se preferirem o título inglês “In the fade” é uma dessas belas surpresas que nos traz um revitalizadíssimo cinema europeu. Dirigido pelo alemão de origem turca Fatih Akin, o longa aponta para os perigos do terrorismo, seja qual for o lado em que é executado. Como estamos habituados à indignação que nos atingem as noticias de ataques terroristas fatais praticados por muçulmanos radicais, aqui estamos diante de um ataque vindo da direção contrária, praticado por neo-nazistas contra imigrantes turcos na Alemanha. Além da excelente oportunidade de alerta sobre a perversidade da intolerância e de qualquer radicalismo, o filme pode ajudar a lembrar que não está assim tão morto e enterrado o terror racista e genocida que gerou o conflito mais sangrento do século XX sob o patrocínio do III Reich. Com a política de portas abertas defendidas por alguns setores vai crescendo a contrapartida do ódio e da xenofobia e, quando isso só não basta, vai-se formando o ovo da serpente que todos sabem como termina. O filme dirigido por Akin, sempre um bom observador não só da questão dos turcos e curdos, mas também da luta do homem para sobreviver num mundo nem sempre muito amigável, funciona com um ritmo perfeito. A gente sofre junto com a protagonista, vivido por Diane Kruger, a bela atriz germânica em momento muito inspirado. O resto do elenco funciona muito bem, sobretudo Johannes Krisch no papel do cínico advogado de defesa. O fato é que em pouco menos de duas horas o filme entrega emoções que se alternam, ora como um sofrido drama pessoal, ora com questões vividas em um tribunal que, ao se ocupar mais de juridicismo do que em fazer justiça acaba lembrando o que vivemos por aqui, e ora como um thriller com um final surpreendente. Um filme que merece destaque na safra atual.

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