Os Homens das Capas Pretas
- Jason Prado
- Mar 2, 2018
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O epíteto levado ao plural para dar título ao artigo pertence a Tenório Cavalcanti, político alagoano, radicado na Baixada, de certa forma o precursor da bancada da bala. Chegou a virar filme com José Wilker na pele do personagem real, acostumado a ganhar eufemisticamente no grito.
Pois em novo round, visando à pauta da coleção outono-inverno que vem por aí, embate dessa vez provocado pela saída precoce do diretor-geral da PF, as togas esvoaçantes de sempre tornaram-se capas pretas em duelo. Farfalharam na mídia ao se misturarem com o mesmo caimento, caídas na invulgar disposição do homem que não largava a popular Lurdinha. E não por ciúmes da inseparável submetralhadora alemã, espevitada que só ela.
Noves fora a poderosa indumentária comum, é pena. Em vez do recorrente bate-boca, se já vale tudo no agudo fio da retórica, podiam ao menos subir uma instância e sair no braço. Assim, em vez da mera suspensão da língua, sugestão da boca mole e rota, podiam meter o cotovelo por onde um fala, segundo o outro. E vice-versa, conforme versa a polêmica sobre as questões do vice que vicejou.
Não há rodinha presa ou malinha solta que possa frear a revisão daquele maldito julgamento precipitado, a ser antecipado para desfrute do réu maior, tom que multiplicará os alvarás de soltura dos colarinhos brancos de norte a sul. Ou, por enquanto, o piedoso mutirão contemplará apenas o sul, região sempre dada a arroubos separatistas.
Mãos limpas ao alto, o desfecho da operação ocorrida na Itália seria o norte da Lava-jato. Não por acaso o afilhado de Sarney, símbolo máximo do emaranhado Maranhão de privilégios jurídicos, seguirá para a dura missão de observador da PF em Roma.
Para merecer a boquinha, o obediente funcionário deve importar as gravatas italianas que tão bem amarraram as mãos limpas para darem vida às soturnas capas pretas. Afinal, quem tem boca vai a Roma. Boca Mole, de preferência.