"É carnaval, é a doce ilusão
- José Paulo Pessoa - DP
- Feb 15, 2018
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É promessa de vida no meu coração...” O título é de um samba dos 80, não lembro a escola. Escola de samba que a cada ano está mais criativa, rica, tecnológica, acelerada, e cada vez mais deslumbrante. Como programa de TV, insuperável. Ao vivo, então, é só emoção. Todas! Mas não é que o desfile das escolas tornou-se mais um, enorme, evento no carnaval carioca? As ruas se transformaram em mais um imenso e constante desfile, hordas de jovens fantasiados, chinelo, um detalhe qualquer de fantasia, grupos e mais grupos, óculos e perucas, tutus e seios de borracha, peitorais sarados em exibição, um qualquer no bolso pra cerveja ou refri, e ocupam a cidade. Ordeiramente, alegremente. A bandidagem se aproveita? Óbvio, nos apertos dos blocos, fazem a festa. Essas cenas de furtos e “arrastões” à beira mar, transmitidas repetidamente pela mídia, é só campanha política (grana, claro). O povo adora acompanhar desastre, ver defunto na rua, saber das tragédias da hora, fazer o quê? O jovem tendo o cordão arrancado em Copa, o mercado invadido, a turista chorando na delegacia, assisti muitas, muitas vezes, os tiros pro alto dado por uns bate-bolas, e faltou matéria, tiveram que repetir isso mesmo, todas as emissoras. Vejo TV sempre que posso durante o carná para ver se sai alguma coisa do meu blocão, falo da cadeira. Os serviços públicos não dão conta da demanda, é impossível. Há sempre uma sensação de limite, um receio da zebra pintar, mas costumam salvar-se todos, ao final. Limpeza, conforto, tranquilidade? Esquece, o período é de bagunça, barulho, sujeira, beira o caos. A segurança é com eles mesmos, é gente demais se divertindo, eles se protegem, e a coisa fica num certo controle. Celular em desfile de bloco é furtado, não tem jeito, os caras são rapinas, mesmo. Padarias lotadas, isopores transportados de lá pra cá, de cá pra lá, pilhas de lixo aqui e ali, o descanso no meio fio, os beijos e abraços, o cheiro de mijo, tudo é intenso, mas não tenso. A cidade vai se aperfeiçoando para receber o carnaval, até o poder público. Quem não curte toma suas providencias, viaja, se tranca em casa, se prepara. Como o prefeito, por exemplo. Esse cara... O governador também se retirou de cena, foi pra casa descansar! E vamos nós. A cidade explodindo de gente, de confusões e imprevistos, turistas e passistas, sem seus dirigentes a postos. Que tal? Mas é tempo de Evoé, qual é? E ao final do baile a orquestra manda, poderosa, em alto e bom som a “Cidade Maravilhosa”, todos se abraçam, se beijam, a quarta de cinzas chega, mas a doce ilusão deu um gostinho... Há promessa de vida no meu coração!