Secretário Côrtes MD
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Feb 9, 2018
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Depois das consagradas séries voltadas para a delicada relação médico-paciente, da humana e calorosa vivida pelo pioneiro Dr. Kildare à fria e beligerante encarnada pelo genioso e genial personagem House, cujo recente final foi lamentado por hipocondríacos espalhados por todo o Ocidente, já está em exibição em todos os telejornais do Brasil, com transmissão simultânea pela Globo Internacional, a série de putarias intitulada Secretário Côrtes MD.
Medical Doctor? É o cacete!
Muita Disposição para o pé do Garotinho, Mililitros de Diazepam para a cabeça bipolar do soberano Cabral? Pode ser. Maior Desaforo ou Muito Dinheiro? A gosto do freguês. Ou da clientela, como queiram.
Fato é que, diante das câmeras de segurança, ele não tinha hora e nem lugar para sair do beliche de onde cumpria o seu plantão de 24 horas, 7 dias por semana. De bermuda, camiseta verde-vômito e estetoscópio pendurado no pescoço, lá vinha o plano individual de saúde, de sirene ligada – já vai, já vai, já vai.
Ao contrário das estrangeiras produções mencionadas, já encerradas, à disposição do telespectador comum apenas em reprises ou plataformas de entretenimento audiovisual a cabo, o médico da corte de Cabral recebeu sinal aberto para estrelar mais episódios da putaria que não pode acabar.
Se, nos primeiros capítulos, a trama tratava de um festival de sexo explícito com os bobos do Côrtes, sacanagem recheada de cenas quentes de sadismo em macas, cadeiras ou no chão, sem ar condicionado, nos próximos episódios a putaria deverá fazer subir ainda mais a temperatura de devassidão, observado o montante de dinheiro da saúde a ser esquentado para rolar um clima. Não por acaso, a estreia foi programada para o polêmico carnaval de Crivella, o prefeito folião disposto a implantar a Lei Seca nos blocos – se for sair, não beba.
Portanto, graças a mais uma cortesia do supremo produtor Gilmar, o doutor viverá uma temporada exclusiva fora do Palácio de Benfica, a cadeia VIP pertencente ao bando do governador, este desfrutando do verão ameno de Curitiba, para onde foi transferido a pedido até abril.
Por outro lado da folia pagã, na esteira de Churchill, que deverá dar o Oscar de melhor ator a Gary Oldman, o velho homem da saúde pública, de jaleco ou bermudas, prometeu que jamais se renderá. Não se refere aos “alemão” ou à Polícia Federal, mas ao ócio, pois sempre haverá sangue dos pacientes e lágrimas dos familiares que justificarão o suor prometido no juramento de Hipócrates, vertido em profusão nas memoráveis surubas com o inseparável Erário.
Especialista em próteses superfaturadas e cirurgias fantasmas, há 10 meses em desvio de função, mas não de verba estatal, seu sacerdócio, esse exausto plantonista poderá, enfim, exercer a sua verdadeira vocação, ao descansar das convulsões e pressões dos companheiros, sobretudo das arteriais.
Entretanto, ainda às voltas com a Justiça, o ortopedista, preso ao leito carcerário desde a Fratura Exposta, terá que cumprir várias medidas cautelares, tais como: proibição de remessa de dólares e/ou euros para o exterior; em caso de assumir o Ministério da Saúde, deverá dormir em domicílio fixo, comunicado previamente ao TFR-2; aos sábados, domingos e feriados, não poderá fornecer material hospitalar aos estabelecimentos conveniados com o SUS; não poderá prestar atendimento a Cabral em Curitiba sem o devido atestado do plantonista da instituição paranaense.