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THE SQUARE - a arte da discórdia

  • Luciano Bastos, DP
  • Jan 16, 2018
  • 2 min read

Uma tentativa um tanto quanto imprecisa e arrogante de conceituar arte foi vista recentemente no filme MANIFESTO em que Cate Blanchet desempenha inúmeros personagens. O resultado foi frustrante e pretensioso, desperdiçando assim um filão que poderia ser interessante ao discutir as formas , os limites e o papel social da da arte. Na direção contrária o projeto escandinavo THE SQUARE, A ARTE DA DISCÓRDIA, filme que venceu em Cannes, consegue mostrar com um fio narrativo mais coerente, os parâmetros e o poder influenciador da arte , como também a sua mercantilização através dos museus. Com algumas sequências que fazem o espectador rir, o filme do sueco Ruben Ostlund passa por diversas questões como responsabilidade, inconsequência, inquietação e deslumbramento sem pesar no excesso de teses e conceituações filosóficas. A história gira m torno do diretor e curador de um museu em Estocolmo que quer inaugurar com forte estardalhaço midiático uma amostra de um tipo de arte experimental que possa gerar controvérsia e discórdia, e para tal contrata um trabalho criativo de um grupo de publicitários com o objetivo de obter uma peça que vitalize na internet. Em algum momento estabelece-se uma definição de arte que se resume a ser decidido como tal. “ Essa bolsa não é arte, mas se ela for colocada no meio daquele espaço ela vira uma instalação”. É uma forma também de satirizar a extensão do conceito de arte contemporânea. Seria a arte também uma mitificação ? Seria um quadrado de dois por dois onde seriam permitidas múltiplas abstrações, considerado arte no mundo polêmico do avant-garde? A cena do jantar, onde um homem-gorila faz uma performance que passa dos limites, além de ser uma metáfora sobre uma arte interativa, é um excelente momento de cinema, assim como a cena da disputa pela camisinha usada após o ato sexual entre o diretor do museu e uma jovem repórter americana amalucada. A forma bem humorada passada por Oslung, que também escreve o argumento e o roteiro, funciona bem e deixa caminhos para que o filme possa fluir na direção do entretenimento sem deixar de gerar conteúdo para um boa conversa sobre nossas crenças e percepções.


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