Lula aqui (no Comperj, na baixada e na UERJ)
- Sérgo Bandeira de Mello, Gico
- Dec 10, 2017
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Tomara que o ônibus da caravana eleitoral fora de época, a micareta do picareta, já esteja do outro lado da divisa, pra lá de Queluz.
Depois de ter discursado no complexo industrial de Itaboraí, no Comperj, atacando a operação Lava-jato, que nos lava a alma, comprovando a teoria policial de que o criminoso sempre volta ao local do crime, Lula procurou esquecer o gigantesco empreendimento do PAC boicotado por Moro.
Possesso com os desmandos da Petrobras sem Dilma, Palocci ou Mantega; contrariado com os investimentos da companhia sem o seu Paulinho, Barusco, Duque e ou Zelada; contrafeito pela falta de influência de Vaccari, Baiano ou Cunha, o mártir necessitava de um bálsamo. E logo encontraria um tanto de alívio em Maricá, último reduto do PT no estado, talvez pelo conceito que seu companheiro Paes tenha acerca do pujante balneário.
Entretanto, como o líder máximo da esquerda consciente desejava abrigo nos braços do povo, e não da derradeira estrutura partidária em municípios fluminenses, o ônibus tomou o arco rodoviário, obra pública de tão cabralinas e pixuléticas lembranças.
Não obstante estar misturado ao seu povo de sempre, muito bem uniformizado e recheado de mortadela, o mestre não tardou a ser provocado pela população pertencente à zelite branca da Baixada. Ensandecidas, as viúvas de FHC cantavam “Lula, cachaceiro / devolve o meu dinheiro” e “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, em bordões muito bem orquestrados pela CIA.
Portanto, em vez de ser aclamado, Lula seria covardemente perseguido pelos fascistas. A golpista turma das panelas ressurgiu dos mais elegantes endereços de Nilópolis, Nova Iguaçu e Caxias, bolsões de banqueiros e capitães da indústria privilegiados, algo como Higienópolis e Jardins em tucanas plagas paulistanas.
Rechaçado, o multimeliante não teve alternativa, senão a de se encaminhar ao seu refúgio na academia falida, que tão diligentemente ajudou a destruir, somando forças com Cabral, Dilma e Pezão.
Com Lula lá, muito bem acomodado diante de seus apóstolos e fiéis, ao pé do Maracanã que tanta renda lhe proporcionou, via Odebrecht, ele conseguiria, pelo menos, uma bela foto. Só que não.
Não só o ilustre convidado engana, a fotografia distribuída pelos organizadores idem. A concha acústica, com capacidade de 2000 lugares, não está lotada. Há várias cadeiras vazias. O fracasso de público – considerada a parcela itinerante cativa - não tira a responsabilidade da universidade diante do absurdo que foi o convite ao condenado, muito pelo contrário, mas chama à reflexão sobre a polarização pretendida pelas pesquisas.
Entretanto, no caso em tela, moldura e legenda, nem a Folha de São Paulo conseguirá emplacar o milagre da multiplicação dos fiéis.