Árvore de natal de Benfica
- Sergio Bandeira de Mello - Gico
- Dec 5, 2017
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Depois de muitos anos de sucesso, amada e odiada, carreira encerrada em 2015, no auge da popularidade, a árvore de natal da Lagoa não foi derrubada por suas belas e iluminadas formas e motivos natalinos. Ou muito menos pela falta de espírito cristão.
Pivô de engarrafamentos colossais, por chamar a atenção em elegantes avenidas de passagem, a ousada e resplandecente estrutura também era alvo diário de milhares e milhares de visitas de moradores da Zona Norte, bem como destino fácil dos turistas do nosso tradicional reveillon, o que agravava o problema do fluxo em todo perímetro.
Entretanto, creio que esse cartão postal sazonal poderia voltar a brilhar em outro local, ainda que privado do reflexo no espelho d’água em dias em que a rua não estivesse alagada. Planejados por Crivella, bueiros entupidos seriam bem-vindos nas redondezas, hora de cuidar das pessoas interessadas na estética natalina do verão carioca.
Responsável pela ampliação do horário de vendas no bairro de então maior poder aquisitivo do Rio, essa propriedade de filé da Zona Sul foi deslocada do Leblon e Ipanema para Benfica, onde hoje se concentram as maiores fortunas do estado.
Daí que a pujança do comércio no entorno do Palais de Bienficá já é uma realidade desde a sua concorrida reforma. Além do coco gelado, movimenta milhões e milhões em celulares, iguarias finas, ricas guloseimas, bebidas sofisticadas e drinques exclusivos 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Praticamente ao lado do palácio dos imperadores, na Quinta da Boa Vista, Benfica revela, uma vez mais, toda a vocação para sediar a aristocracia prisional em um ambiente despojado e descontraído.
A agitação das celebridades malfeitoras, o entra e sai de viaturas com sirenes ligadas e o vaivém provocado pelos habeas corpus de Gilmar sob as luzes da árvore fariam a alegria do comércio local. Além do mais, abasteceria a demanda crescente dos medalhões criminalistas de plantão, motivaria os advogados de porta de xadrez e alegraria os corações daqueles crédulos que seguem solidários a Picciani e Cabral. E, pelo lado da fantasia, que não pode faltar, encantaria aqueles que ainda acreditam em Lula e Papai Noel.