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Verdades, mentiras e furacões

  • Luís Eduardo P. Basto
  • Sep 12, 2017
  • 2 min read

Se no hemisfério Norte houve o Irma, o furacão tupiniquim que varreu nosso noticiário político e policial não destruiu reputações – estas precisariam ainda estar de pé – , mas expôs trapalhadas e arrancou verdades frondosas que pareciam bem enraizadas.

Começando pelas trapalhadas:

Alguém consegue, por assim dizer, reunir milhões e milhões, mas não pensa em dar destino mais inteligente à dinheirama do que apinhar tudo num apartamento vazio. Expõe-se ao risco não apenas de ser descoberto, como também ser roubado por um Ali Babá(iano) ou mesmo ver sua fortuna consumida por um incêndio. Imagino suas visitas furtivas, no meio da noite, para visitar o tesouro. Só ele e aquelas pilhas de dinheiro, sussurrando baixinho “isto tudo é meu”.

Uma dupla de professores de esperteza se enrola com um gravador, grampeia sem perceber uma conversa de bêbados pouco republicana – em que saem chamuscados esposa, aliados e a língua portuguesa, não necessariamente nesta ordem – e inventa o instituto da...autodelação. Confesso que, no primeiro momento, imaginei uma conspiração sofisticada, na qual este erro aparente fosse parte de plano maior. Bobagem. Foi tiro no pé.

Em seguida e antes que qualquer culpa seja comprovada ou descartada, vamos às verdades levadas pelo vento de nosso furacão:

Geddel é um político competente e corrupto

Afirmação falsa. Pura lógica matemática. Se é verdade que a mãe de Geddel, ao ser abordada pela Polícia Federal, disse ser o filho não um criminoso, mas um doente, cabe aqui aproveitar a rima e sentenciar que ele é, de fato, incompetente. Num país em que traficantes se viciam e cafetões se apaixonam, não espanta descobrirmos um criminoso amador. Um profissional não deixaria escapar R$ 51 milhões por entre os dedos. Só resta mesmo chorar.

Joesley é o chefe de uma organização criminosa

Outra óbvia mentira. Não apenas pela trapalhada do professor com o gravador, incompatível com aquele ar de mafioso caboclo. O que dá certeza dele não ser o chefe da organização é que este nunca é apanhado. Apesar de Joesley acreditar que é o J.R. da série Dallas (lembram?), a prisão dele só pode ter três explicações: a organização nunca existiu, o líder é outro ou houve uma troca no comando e ele ainda não sabe...

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