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O futuro do livro pelas pequenas editoras

  • Andreia Dantas | aluna - AgênciaUVA
  • Sep 10, 2017
  • 3 min read

Thereza Christina Motta - Ibis Libris

A Bienal do livro comemora 36 anos de existência, com um público que flana pelos salões do Riocentro, buscando mais do que um espaço de estandes e descontos em livros. A Bienal se tornou um espaço de experiência e interatividade, através de jogos, bate papo com autores nacionais e internacionais, sessões de autógrafos e mostra que, apesar de toda a tecnologia, o velho livro está longe de se tornar um objeto obsoleto. No meio de editoras gigantes com estandes colossais, há aquelas que mostram uma tendência do mercado editorial, menores e mais segmentadas, que dão espaços à escritores independentes e que trazem assuntos e temáticas que muitas vezes não ocupam o espaço das grandes redes. O amor pela poesia foi o pontapé inicial para a criação da editora Ibis Libris por Thereza Christina Motta, autora de diversos livros, para publicar um livro de poesia de um amigo há dezessete anos atrás. Logo em seguida publicou um outro livro, e dois anos depois, Thereza teve que abrir uma empresa. “A poesia é fundamental para a pessoa elaborar sua própria criação, porque o sonho está ligado ao pensamento, se você não tem como elaborar seu pensamento, você não sonha”, reflete. Thereza também promove, desde 1999, um evento de poesia chamado Pontos Diversos, para os poetas apresentarem seus poemas pela primeira vez. “É uma oficina aberta que funciona para a pessoa ter chance de mostrar seu trabalho antes de publicar”.

Marcello Carqueija, que trabalha com vendas da editora Pinakotheke, conta que tanto as editoras pequenas quando as grandes tem o mesmo objetivo, a difusão do livro no Brasil, mas enquanto as grandes trabalham com os Best Sellers, que tem uma circulação mais rápida e que movimenta o mercado, as pequenas trabalham com as Long Seller, que são livros que vendem a vida inteira.

Apesar de não vender com a mesma velocidade e não aparecer na mídia como as grandes, as pequenas editoras vendem tanto quanto as grandes. O cuidado especial na escolha dos livros é um dos diferenciais. Feiras como Bienal, Flip, Primavera dos Livros e tantas outras que pipocam pela cidade, trazem visibilidade às editoras e levam os livros aos consumidores. “Esse pessoal que vem à Bienal muitas vezes não tem livraria no bairro, aqui no Rio tem livraria até a Tijuca, depois da Tijuca são poucas livrarias encontradas, os livros são encontrados mais em shoppings”, analisa. Trabalhar com educação fez com que Francisco Jorge e seu sócio Vagner percebessem como é difícil encontrar livros e publicações de autores negros no mercado. Para eles, faltava aos jovens das escolas referências e personagens para se identificar. Ao criarem a editora Malê, perceberam que muitos escritores que estavam produzindo não tinham uma visibilidade, uma plataforma para mostrar seu trabalho. “A Malê tem a proposta de além de ser editora, ser uma produtora cultural de eventos ligados à literatura, encontros literários, bate papo com autores, nossos lançamentos são procedidos de bate papo com autores, ou a discussão de algum tema que o autor aborda, e essas são algumas das formas que a gente tem de aproximar o autor do público”, finaliza. Como resultado desse projeto, novos leitores, novos autores e até alunos sentindo vontade de escrever novos trabalhos.

Cláudia Mourthé - Editora Mourthé

Desafio é a palavra chave da escritora e também proprietária da editora Mourthé, Claudia Mourthe, ao falar de editoras independentes. “Hoje em dia, produzir livro de maneira independente é realmente um grande desafio, porque a gente está diante de um universo que tem um domínio restrito à algumas grandes editoras Brasileiras que trazem autores externos e Best Selles”, conta. Mas apesar da maioria das publicações já estarem em e-book, o livro de papel ainda está vendendo muito mais. Para ela, existe o prazer da leitura e da imersão do objeto físico que leva a um outro tempo, um outro ritmo de descanso e prazer que só o livro pode proporcionar, e a tecnologia ajuda a aproximar o autor do leitor.

Se o livro vai acabar? Não sabemos, mas a julgar pelo o que foi visto na Bienal, com crianças correndo com livrinhos, adolescentes com coleções inteiras ostentando nas redes sociais suas novas aquisições, palestras cheias de fãs querendo entender seus artistas e levando livros para autografarem, sem falar da geração mais antiga que ainda prefere o livro de papel, isso não vai acontecer em um futuro próximo. A tecnologia e as redes sociais trouxeram uma nova forma de ler, com textos curtos e mais interatividade, e isso está ajudando a instigar e democratizar a leitura e a criar novos leitores.


Fotos, a partir do alto:

Thereza Christina Motta, da Ibis Libris - fotografia de Andreia Dantas - AgênciaUVA

Marcello Carqueija, da Pinakotheke - fotografia de Andreia Dantas - AgênciaUVA

Francisco Jorge, da Editora Malê - fotografia de Carolina Ewald - AgênciaUVA

Cláudia Mourthé, da Editora Mourthé - fotografia de Carolina Ewald - AgênciaUVA


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