Novos autores brasileiros chegam ao mercado
- Daniel Deroza | aluno - AgênciaUVA
- Sep 7, 2017
- 3 min read
A flexibilização do mercado editorial e as novas mídias vêm abrindo espaço para novos autores.
Mesmo em tempos de crise, o mercado editorial brasileiro apresentou crescimento. Houve um aumento de 12,3% no primeiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Painel de Venda de Livros, realizado pelo Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Escritores de Livros. Parte disso se deve às datas comemorativas, como o Dia Internacional da Mulher, quando os preços caíram 3,6%.
A maior vendagem e faturamento traz como consequência a abertura para novos autores apresentarem seus trabalhos e publicarem suas obras. Este é o caso de Ana Ferrarezzi, criadora da saga “Esmeralda”, que vem se destacando no mercado por contar uma história urbana e contemporânea, utilizando como pano de fundo o folclore brasileiro.
“A nossa mitologia é tão rica, que, na verdade, me surpreendo o fato de as pessoas não fazerem mais literatura sobre isso”, afirma a autora.

Ela destaca que esta não é uma fórmula nova, original, uma vez que já vem sendo utilizada há muito tempo por autores estrangeiros:
“Se você observar uma história de vampiro, por exemplo, pega-se uma lenda e se cria algo novo em cima daquilo. Por que a gente não faz o mesmo aqui no Brasil? O folclore brasileiro é cheio de histórias fantásticas, então, por que não?”.
Outro nome que também vem chamando atenção é o de Marianna Lopes. Presença garantida na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, a jovem de 24 anos é formada em Literatura e estuda Publicidade na Universidade Veiga de Almeida.
“Sou de uma família de professores, então, leitura sempre foi uma das coisas que me incentivaram a fazer. Participei de muitos concursos de redação”, diz.
Marianna conta ainda que a literatura nacional sempre fez parte de sua bagagem cultural:
“Boa parte dos autores e livros que influenciaram a minha escrita são brasileiros. Clarice Lispector, Machado de Assis e Aluísio de Azevedo são as influências mais fortes”.
No cenário estrangeiro, Marianna destaca Anne Rice, autora de “Entrevista com um Vampiro”, que despertou nela o interesse por este universo fantasioso, o que levou a outra paixão da jovem: o cinema.
Ela afirma que Sétima Arte também influi fortemente em seu trabalho.
“Houve uma época em que eu escrevia roteiros e minha mãe me sugeriu escrever um livro. Hoje sou grata a ela por isso. Já tenho 13 livros publicados”, afirma a autora.
Das produções cinematográficas que gosta, Marianna destaca o clássico dos anos 90, “Um Drink no Inferno”, que foi o primeiro filme de vampiro que ela assistiu, seguido da adaptação do romance de Rice.
Sobre a maior facilidade do público brasileiro aceitar uma obra estrangeira, Marianna destaca a formação cultural tardia do Brasil como um fator a ser levado em consideração na falta de procura pelo “produto da casa”:
“A gente tem muita cultura exterior, principalmente americana, e faltam incentivos culturais ao nacional também. Mas, quando há uma aproximação com o público por meio de histórias mais reais, personagens ‘gente como a gente’, as pessoas têm buscado mais autores daqui. Isso também acontece quando vêem que um escritor brasileiro é fã de tal autor estrangeiro. Mas, por incrível que pareça, ultimamente, as pessoas estão mais abertas ao nacional, às descobertas, e isso é muito bom”.
A respeito da continuidade de seu trabalho, Marianna afirma que já tem planos para livros futuros.
“Ano que vem pretendo lançar os dois primeiros volumes da trilogia ‘Fio Dental, Cigarros e Tragos’, que está na fila de espera há alguns anos e já tem uma galera me cobrando. O livro que estou lançando na Bienal, ‘Êxtase’, é a porta de entrada para convidar as pessoas à trilogia”, conta a escritora.
foto: Ana Ferrarezzi / Daniel Deroza - AgênciaUVA