O ocaso da esquerda democrática
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Aug 1, 2017
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Não é por acaso que Lula vem pedindo cautela aos arroubos retóricos da presidenta do PT, incisiva em demasiado ao meter o Narizinho onde foi chamada, exatamente no foro de São Paulo, realizado na Nicarágua, com o objetivo precípuo de apoiar a ditadura Maduro. E – pasmem! - não é que o PSOL e o PC do B vieram dizer amém à dirigente petista, evidenciando uma vez mais que comungam da mesma hóstia consagrada ao autoritarismo?
Sempre a reboque das iniciativas do PT, os partidos satélites, uns mais outros menos, com exceção dos assumidamente stalinistas, até aqui, até podiam travestir-se de esquerda democrática, aquela que aceitaria a alternância de poder como parte da regra do jogo, porém nunca mais a fantasia há de servir ao modelo. E a expressão “nunca mais” inclui 2018 – espera-se.
Desde domingo, quando a constituinte convocada para instaurar a ditadura militar e paramilitar na Venezuela, em desesperada iniciativa que espalharia mortos, feridos e o terror pelo país, revelou a farsa boicotada pela esmagadora maioria do povo venezuelano, as caravelas eleitorais daqui foram inapelavelmente incineradas. Que tais cinzas sejam espalhadas não ao norte de Roraima, destinado aos refugiados, mas em nossas memórias e em todas as urnas brasileiras no ano que vem.
A açodada atitude da Amante da Odebrecht deverá causar um enorme transtorno à provável candidatura da jararaca, cuja ficha deverá permanecer limpa por causa das flechas economizadas pelo cacique da tribo dos janotas, que preferiu gastar todo bambu envenenado com o mesoclítico Sarney do século 21.
Lula, como se sabe, quer deixar o vampiro sangrando para poder culpar a criatura por tudo aquilo feito por seu poste na campanha que vem aí. Para tanto, antes de mudar de pele, o réptil pretende que o seu obediente partido feche questão pela abertura do processo no STF. A manobra, para inglês otário #outTemer ver, garantirá o quórum mínimo necessário para que a Câmara venha a recusar a investigação no Supremo.
O eterno candidato das autoproclamadas esquerdas democráticas sabe que precisa da parte otária do eleitorado que é catequizada pelas belas narrativas humanistas forjadas nas universidades, e cantadas em prosa e verso pelos carcomidos ídolos da MPB. Sempre endeusados pela grande imprensa, creio que esses artistas terão alguma dificuldade em transmitir a mensagem de Che, a de que é preciso endurecer sem perder a ternura jamais. Isso porque Maduro vive em outros tempos, em que a porrada nos manifestantes come solta; em que os presos políticos são feitos às centenas, rumo aos milhares; em que a vontade soberana da população é ignorada na mão grande; tudo ao vivo e em cores, sem a menor ternura.