A hora é essa
- Jason Prado, DP
- Jun 27, 2017
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— Sempre pela garagem, viu?
Nem tudo que é lícito, é ético.
O que torna essa frase simples em coisa abjeta é o contexto.
Não é crime recomendar que alguém chegue à sua casa por essa ou aquela entrada, nesse ou naquele horário. Deve ser parte das tais liberdades constitucionais que cada um de nós tem, de fazer o que bem entende dentro dos limites da Lei.
Mas não é moralmente recomendável que o Presidente da República se mova pelas sombras. Menos, ainda, que tente se defender com filigranas jurídicas e a chave do cofre.
— Queremos um parecer consistente na CCJ.
Não há nada de errado em lutar pela sobrevivência, seja a sua ou de seu grupo político. Mas varrer para debaixo do tapete todas as evidências de culpa que ainda não foram explicadas com 10, 15 ou 171 votos, não é moralmente aceitável. Muito menos para um representando do povo, eleito para cuidar dos interesses da Nação, em detrimento de seus interesses pessoais.
— Olha o sorriso!
Qualquer um pode se calar diante do inexplicável. Faz parte do jornalismo fazer perguntinhas capciosas, semear bolinhas pelo caminho das autoridades para vê-las espatifar no chão em que pisam os comuns. Mas não é compreensível que uma nação paralisada se curve ao cinismo, seja ela uma artimanha jurídica, seja uma colocação debochada, como se fossemos todos moleques de rua.
O campo é fértil: de todos os lados as declarações são de corar cafetina.
Acho que nós, a tal da sociedade civil, precisa se manifestar sobre isso. Definitivamente. Sem bandeiras, vermelhas, sem camisas da seleção, sem cabeças cobertas e sem estragar as panelas. Às claras, antes que o Congresso nos faça sentir o gosto amargo do fim da ética na vida pública.
— Greve Geral!
Do povo. Dos eleitores. Dos contribuintes.
Como em Germinal, de Zola. Silenciosamente. Sem vandalismo, sem comícios, sem carros de som. Fábricas, lojas, transportes, tudo parado. Apenas os braços cruzados daqueles que acham que não toleram mais a falta de ética na vida pública.
Afinal, o que essa gente faz na privada, não nos pertence.