Descendo a lenha
- Sérgio Bandeira de Mello,Gico
- Jun 25, 2017
- 2 min read

Ao contrário do que vem se dizendo por aí, Temer não cometeu nenhuma gafe ao chamar o monarca da Noruega de rei da Suécia. Na verdade, nosso presidente republicano quis expressar o mais profundo desprezo pelas monarquias constitucionais, que não possuem o combate à corrupção como prioridade máxima. Suas Majestades não seguem o exemplo do supremo mandatário do Brasil que, no dia anterior, firmara um severo protocolo de cooperação bilateral sobre o delicado tema com o colega Putin. Afinal, temos muito a ensinar aos russos nos temas ligados à Copa da FIFA e seus legados.
Assim, de forma oblíqua, mas bastante diplomática, o dirigente brasileiro logrou dar o duplo recado de #forareis. Conseguiu passar aos súditos escandinavos a mensagem de libertação, em justa solidariedade a esses que, amordaçados e desamparados, sofrem com os seguidos desmandos dos respectivos soberanos.
Tais déspotas encontram no escancarado nepotismo a perpetuação de suas dinastias, fazendo dessas nações uma espécie gelada de Maranhão, estado famoso pelo saudável absolutismo de raiz, família real ali representada pelo ministro do meio ambiente, Sarney Filho, o Duque de Curupu.
E foi para arrefecer a temperatura desse meio ambiente conflagrado que se deu o emblemático incidente internacional, contido pelos punhos de renda tucanos, próceres do PSDB responsáveis por terem conduzido o Itamaraty ao muro das lamentações, sabidamente localizado no Oriente Médio.
Conhecidos por serem os inventores e grandes adeptos da sauna seca, onde os ancestrais dos vikings já podiam ficar de bate-papo furado longe de maiores sustos de invasão ou saque, livres de roupas e do perigo de serem grampeados, sempre em instalações aquecidas a lenha, os povos nórdicos destruíram e tacaram fogo em boa parte de suas florestas naturais. Só para ficarem pelados conversando. Tudo para, depois do suadouro, encararem um banho glacial do jeito que vieram ao mundo.
E os lourinhos pagãos ainda vêm falar de corrupção no Brasil, onde o suadouro precede o gelado jato da Lava-jato justamente em Curitiba, a mais fria capital do país. E, por outro lado, cobrar desmatamento na Amazônia, onde o suadouro é natural, onde as árvores eram cortadas apenas para a expansão dos domínios agropecuários dos Free Boys, notórios inimigos comuns a Temer, vegetarianos e ao planeta. E - que fique claro! - não por sem-vergonhice, hedonismo ou simples desperdício de calor.
Por falar em fogo e lenha, vem de Atibaia a suposta confissão do amigo da Odebrecht, o Brahma, o número 1 da OAS, o interlocutor republicano do safadão Joesley. Em gravação que dispensa a perícia da Polícia Federal, o chef nos conta o seguinte sobre o sítio: “eu gosto de cozinhar no fogão de lenha que eu tenho”.
Sugiro que na próxima Feira de Utilidades Domésticas, Lula dê uma palestra remunerada sobre o seu fogão a lenha portátil. Talvez ficasse rico. Para tanto, bastaria combinar com os russos e seus hackers para que fosse apagada a gafe pretérita, de volta às paradas. Pra quem não viu, segue o link.
http://www.diariodobrasil.org/deu-ruim-video-antigo-de-lula-falando-sobre-o-sitio-de-atibaia-esta-bombando-na-internet/