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A amante moderna

  • Sérgio Bandeira de Mello, Gico.
  • Jun 6, 2017
  • 2 min read

O artigo de hoje levanta um tema que deveria provocar muita celeuma nas redes sociais, sobretudo após as discussões das mais inclusivas políticas de gênero, onde, paradoxalmente, a igualdade e a diversidade tomam corpo em conjunto.

Sabe-se há muito tempo que o amante à moda antiga, aquele que ainda manda flores e ouve Roberto Carlos fora do Natal, está com os dias contados. Já a amante, caracterizada pelo artigo definido feminino singular, a fogosa outra do pedaço, a sirigaita, a vagabunda padrão FIFA no conceito da genérica esposa oficial, foi redimida pela CPI da Petrobras, comissão morta e enterrada, fria e inconclusiva. Seria, contudo, o palco das chantagens de Gim e da mentira fatal de Cunha.

Voltando à vaca fria, ou melhor, pra lá de quente, forjada na milenar sabedoria oriental, a cúmplice do doleiro original da Lava-jato, convocada como testemunha, assumiu a condição de amante em audiência pública. Confessou o seu amor bandido na frente da concorrência parlamentar, composta de clientes, comparsas e virgens do puteiro local.

Com toda desinibição, a amante não se furtou a mostrar a sua mala recheada à plateia atônita e ruborizada. Insaciável, jamais satisfeita, passou à demonstração de como os dólares íntimos que cobriram suas vergonhas foram descobertos no aeroporto. Um verdadeiro escândalo.

Feridos no decoro, suas excelências exigiram respeito à casa da mãe Joana, pois a lasciva criatura, ao tentar faturar com o superdimensionado volume da calcinha, soubera atingir a honra dos que vêm carregando os mais encarnados batons nas cuecas ou mochilas, próprias ou terceirizadas.

Somente no último sábado, e de forma oblíqua, o PT logrou oficializar o desagravo à companheira, ao levar à presidência da agremiação partidária a principal amante da Lava-jato, registrada como tal na planilha correspondente aos contemplados.

Igualmente ré, e dotada de magnífico foro privilegiado, o cargo máximo da sigla há de conferir toda proteção à amante moderna, que, até então, tinha Rose como símbolo, acostumada às altitudes e alturas do poder.

Tal prerrogativa mostrou-se capaz de proteger, inclusive, o próprio narizinho arrebitado de qualquer vingança da parte do marido enganado. Melhor que a lei Maria da Penha, o foro teve o condão de amansar o réu corneado, mesmo depois de revelado o tórrido romance da atual presidenta petista com um delator Romano de Americana. Não confundir o homem da capital com o Italiano ou o pós-Itália, ainda não delatores, companheiros de planilha.

Ao conseguir preservar o seu ninho de amor das garras da PF, os pombinhos unidos pelos sagrados laços do matrimônio puderam ser felizes não para sempre, mas até o final do longo mandato da Amante da Odebrecht, de papel passado e homologado na justiça.

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