Golpe de Mestre II - Promoção Geral da República
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico.
- May 22, 2017
- 2 min read

Nada de nomes trocados, tórridos desertos ou ermas regiões geladas, como insiste o amador FBI na proteção às testemunhas-chave. Imagino a família sorridente e unida, passeando em maio pelo Central Park, em pleno esplendor primaveril.
Que imagem linda para um final de filme, Free Boys – os negociadores, ainda que alguns mais atentos pudessem enxergar spoiler no título. Mas o merchandising induzido superaria qualquer eventual tropeço da bilheteria, após o lançamento triunfal no Festival de Cinema de Pernambuco.
O happy end consistiria no fechamento da trama que apearia do poder o grande vilão, o golpista mesoclítico. E o desenlace dar-se-ia após o último depoimento aos procuradores bonzinhos. O mau já teria sido descartado por corrupção, em jogada genial dos irmãos brothers, mostrado em flashback imediatamente antes do aperto de mão, olhos nos olhos – trilha sonora homônima para quarteto de cordas -, que sela o acordo, realizado nos moldes de Brasília, e não da provinciana república de Curitiba.
Pelos inúmeros e efusivos cumprimentos de brasileiros de todas as raças que voltaram a viajar, e pedem selfies aos dois heróis, a plateia pode concluir que negociação, levada a cabo durante a Promoção Geral da República, só até sábado, é altamente benéfica para o país até então destroçado pelos políticos inescrupulosos.
Tais crápulas haviam sido comprados aos rebanhos apenas para que, mais tarde, fossem encaminhados ao matadouro da opinião pública, em estratégia magistral de refundação da democracia.
A tensão da viagem no jatinho particular, o pouso em New Jersey, a apreensão com as autoridades da imigração, tudo seria sublimado pela cena de Joesley mostrando esquilos para o filhinho caçula. Close no empresário de bermudas, sem tornozeleiras. O delator aponta o dedo duro para um animalzinho enquanto Wesley, indicadores no lugar dos chifres, brinca de toureiro com um pimpolho que faz do casaco vermelho o capote, ele no lugar do boi, um free boy em New York.
Tudo financiado pela Lei Rouanet e com patrocínio do BNDES, naturalmente, pois, graças à PGR e ao egrégio STF, agora os bandidos fogem para os States, e não para o Brasil, país antigamente dado como o paraíso da impunidade, sonho dos facínoras e malfeitores. The End.