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Conversa de Botequim

  • Otacílio Barros - DP
  • Apr 28, 2017
  • 2 min read

Esse título aí de cima também poderia ser “Mesa de Botequim”, em homenagem ao Lauro Gomes que promove, ou promovia, todas as últimas sextas-feiras do mês, lá na AABB de São Francisco, um evento cultural da mais alta qualidade. Vale a pena conferir. Mas, ao que eu quero mesmo me referir são às conversas, aos bate-papos que se sucedem no dia a dia, por esse país afora, nas mesas de botequins.

Vou citar só alguns que nós frequentamos, ou já fomos frequentadores em tempos passados, como o Bracarense, o Cervantes, o Conversa Fiada, o Chalé, o Jóia, o Caneco Gelado do Mário, o Informal, o Belmonte e por aí vai.

Pois é exatamente nesses bares da vida que se discute de tudo, até mesmo o sexo dos anjos.

Por lá desfilam os tipos mais pitorescos que habitam as cidades brasileiras. Tem o entendido em futebol, para quem o seu clube, não importa como, é sempre o melhor. Tem o que sabe tudo de política e, de preferência, foi de esquerda no tempo da última ditadura militar, que se iniciou em 1964 e, graças ao bom Deus, se esvaiu na década de 1980.

Tem também o rei das mulheres, como aquele famoso comercial de sabonete que dizia “o preferido de nove entre dez estrelas do cinema”.

Tem o chato, o boa praça, o zangado, o professor, o pinguço e por aí vai. Todos esses tipos se reunem diariamente em volta de uma mesa de cerveja, de pingas e conhaques pelos bares e botequins espalhados por esse Brasil de meu Deus. Um, com seu vasto bigodão e sua enorme barriga, tem fama de brigão. Por qualquer besteira manda o cidadão para “aquele lugar”. E só pra chatear, fica exaltando a todo momento as qualidades do seu “mengão’.

Já o tricolor doente e grande “mão de vaca”, só liga do seu celular pros amigos a cobrar. Tem gente que nem atende mais. E também gosta de esculhambar todo e qualquer político. Tem o discreto, que fala baixo, toma a sua cervejinha e sempre sai de fininho, às vezes até sem pagar a conta. Há também o bonachão do grupo. Fala alto, é verdade, mas está sempre disposto a ajudar alguém, como se fosse a irmã Paula. A fama de bobo da corte fica por conta daquele que está sempre contando piadas, mesmo que elas tenham feito sucesso há 50 anos.

Outro exemplo é o do cara que está sempre discordando de tudo e de todos, e se diz mais culto e mais inteligente do que qualquer um, mas que sempre encontra alguém do mesmo tope para contestá-lo.

Há também os eventuais, como um professor baixinho que se acha dono da verdade e só bebe refrigerante light. Esse faz parte dos ecochatos, e fica o tempo todo falando que a turma bebe demais e sempre pega no pé de alguém. Mas, é nessas discussões cotidianas das mesas de botequins que se tira o senso comum. Se os nossos políticos tivessem um pouco mais de sabedoria, passariam algumas horas semanais em botequins e aprenderiam com esse pessoal, que se reúne em torno de algumas cervejinhas diárias, a descomplicar a vida. Alô profissionais dos botequins, fiquem atentos porque muitos amadores vão querer aparecer aí em vossos espaços! “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. (Fernando Pessoa).

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