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Em viagem, o contato se fazia por carta

  • José Paulo Pessoa - DP
  • Apr 13, 2017
  • 1 min read

Em viagem, o contato se fazia por carta e, eventualmente, por telefone. Ambos demoravam a chegar. Uma ligação telefônica interestadual ou internacional era agendada, e frequentemente não conseguia se completar e, quando se conseguia, pouquíssimo se ouvia > ou se entendia. Uma carta demorava alguns dias, ou semanas, para chegar ao destino. Dava saudades. Distância, falta de contato, de notícias, era real. Às vezes doía, é certo. - O que estará acontecendo? E a saúde? Está se divertindo, se alimentando direito, o hotel é bom? Está fazendo frio? - Já chegou a Roma, ou a São Paulo? As perguntas ficavam sem resposta. Saudades, angústia, dúvidas, desejo. Mudaram os sentimentos. A comunicação instantânea online mantém-nos atualizados, conectados, informados, datados, fotografados, grampeados. O sorriso tem que estar no rosto e nos trinques os cabelos, o penteado, a maquiagem. O flagrante é flagrante, mas previsível. Sempre de bom humor, satisfeito. Tristeza? O que é isso? Selfie, pau de selfie! Coisa mais horrorosa essa palavra: pau de selfie. Pau é pau, pedra é pedra. Não importa mais a emoção ou o sentimento. O que vale é postar e ser pop stars com nossas selfies. A emoção do momento que se dane, vale o escrito, perdão, o postado. Não tem mais o pode estar, agora é certeza, é só postar. - Pronto, foi. Saudades? Saudades do cartão postal, de postar uma carta, onde nossa imagem não aparecia. Post-scriptum: sabes o que é? P.S. I love you (Lennon e McCartney)


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