Maçã ou abacate? A maldição de Montezuma
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico.
- Apr 5, 2017
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Os recorrentes retrocessos no TSE não foram em vão. Graças às últimas manobras protelatórias do processo de cassação da chapa Dilma - Temer, Adão e Eva foram citados pelo relator para as devidas oitivas, independentemente da condenação anterior. A medida levaria a procrastinação da fase de instrução ao paroxismo e, de carona nos autos, ao Éden.
Os pecadores, que não tiveram direito a sursis, deverão aproveitar a oportunidade para interpor recurso ao Supremo, em virtude da exacerbada dosimetria da pena - a própria eternidade -, o que impede a progressão do regime para um paraíso semiaberto.
Para tanto, parlamentares pertencentes à comissão dos direitos humanos deverão questionar o Todo Poderoso. Ao Criador, que moldou Adão de barro proveniente de um natural mar de lama, e que fez a suposta cúmplice de uma costela, em grave discriminação contra a mulher, Maria do Rosário e seus companheiros deverão mandar bala na bancada da bíblia. Esta anda acuada pela proximidade do juízo final, acontecimento que deve anteceder o acórdão do STF, a quem cabe a última palavra.
O fato concreto é que o ato libidinoso feriu o decoro, conjunção da carne fraca que ainda nos faz pagar o pato. O atual símbolo da FIESP mais tarde navegaria com Noé em tributo à carga que nos faz penar. Como, na época, os animais falavam, é natural que os criacionistas de casos também intimem a serpente para depoimento. Pertencente à família da popular Jararaca, embora o declarado ofídio não reconheça o parentesco, e muito menos a condição de Amigo, a maçã mordida não poderá servir de prova por representar os interesses escusos do capital internacional, que violam a nossa soberania e o nosso estado de direito.
Não há como falar em maçã e capital internacional sem lembrar das contas no exterior utilizadas por Feira e Xepa, dupla que respondeu pelas propagandas das três últimas campanhas presidenciais vencedoras, cujas barracas foram armadas na América bolivariana e África companheira, e cujas contas foram abastecidas pela Odebrecht conforme a delação do fim do mundo.
Como a chapa Dilma-Temer vinha esquentando, não para efeitos de qualquer mudança no Planalto, coisa pras calendas brasilienses, mas para contrariar o grande golpe do impeachment, aquele perpetrado pela dupla Renan-Lewandowsky, decisão que manteve inalterado os direitos políticos da presidenta, ignorando a legislação vigente, os responsáveis pela tutela da cabeça de chapa partiram para o reforço da defesa. Anteciparam o ataque.
Isso porque Marcelo Odebrecht afirmou, em sua delação premiada, que, em viagem conjunta ao México, informou a honrada criatura sobre os frequentes aportes externos ao casal de feirantes.
Não tardou para que o coração valente conseguisse espaço em sua assessoria de imprensa informal. Na entrevista exclusiva à Folha, usou o papel do jornal para se limpar das consequências do teor vazado. Culpou o guacamole, explosiva mistura de abacate com pimenta.
O caso revela mais um fenômeno derivado da maldição de Montezuma, aquela que causa diarreia aos invasores da terra do povo asteca, seja pelos espanhóis de Cortez, seja pelos brasileiros amigos de Lula. Em sua defesa prévia, a estocadora de vento denunciou o desarranjo verbal de Marcelo e o seu intestinal.
Que ruidosa cagada!