Toni Erdmann
- Luciano Bastos, DP
- Feb 20, 2017
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Não é de hoje que o cinema alemão traz frescor e inovação na sua linguagem, trazendo sempre, ou quase sempre, surpresas bem agradáveis para aqueles que apreciam bons filmes. Pena que o circuito exibidor no Brasil encontre pouco espaço para exibir essas pequenas jóias, pois está sempre com os slots ocupados pela vasta produção comercial americana. TONI ERDMANN, em exibição no Moreira Salles e no Estação Botafogo em horários bem restritos, é um desses achados extraordinários, além de ser um dos 5 candidatos a melhor filme estrangeiro no Oscar. O favorito é “ O apartamento”, mas o páreo é duro. O personagem Toni, vivido magnificamente por Peter Simonischek, é um homem aparentemente aposentado, que viaja da Alemanha para a Romênia, onde a filha mora e trabalha, para visita-la e, intencionalmente, provocar nela um turbilhão qualquer. Talvez uma forma diferente de viver, já que ela é uma jovem tensa, focada no trabalho, angustiada e cheia de cobranças pessoais. Essa forma de ser completamente amalucada do pai, além de render boas gargalhadas na plateia, vai fazendo transformações existenciais na cabeça de Inês. A sua presença extravagante, ao mesmo tempo que gera constrangimento, consegue deixar nítida a superficialidade das relações sérias no mundo dos negócios. E o filme vai por aí nos seus 160 minutos (duração ligeiramente excessiva) despertando emoção temperada com humor muito saudável e inteligente, além de fugir totalmente do lugar comum e da previsibilidade.