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Voo de irresponsáveis

  • Célio Junger Vidaurre
  • Feb 3, 2017
  • 2 min read

Depois das apurações sobre o acidente que vitimou o ministro do Superior Tribunal Federal – STF, Teori Zavascki, relator do processo da Lava-Jato, poucas dúvidas restam para se saber quais eram os culpados da tragédia do avião que já se aproximava da vergonhosa pista de pouso de Paraty, pois, aquilo que se viu ser chamada de “pista de pouso” é, simplesmente, lamentável. Parece mesmo pista de “teco-teco” de fazendeiro do interior de Minas Gerais. Aliás, as dos fazendeiros são bem mais amplas.

Profundo conhecedor da área, o experiente piloto Osmar Rodrigues, vulgo “Mazinho”, de 56 anos, sabia mais do que ninguém, dos riscos que corria com o bimotor que tinha capacidade para sete passageiros, ou seja, piloto, copiloto e mais cinco pessoas. Assumiu a responsabilidade de viajar sozinho sem a presença de um copiloto que poderia auxiliá-lo no momento do desespero em que foi envolvido em face do tempo nebuloso que se apresentava na região. Foi o primeiro irresponsável.

E o dono da aeronave, Carlos Alberto Filgueiras, de 69 anos, empresário da luxuosa rede de hotéis Emiliano, por que confiou tanto no experiente Mazinho? Sabendo que junto aos dois, proprietário e piloto, havia a figura pública importante que estava com a responsabilidade de julgar um mundo de políticos e empresários, ladrões do erário, e precisava de ser resguardado mais adequadamente e não da forma que foi operada na viagem.

Foi o segundo irresponsável. Não se falando nas duas mulheres que perderam suas vidas por imprudência do patrão e do empregado.

Absurda, também, foi a atitude do competente ministro do Supremo ao aceitar entrar em uma aeronave sem sequer ter um copiloto para colaborar com o comandante do voo que partiria para aquele local conhecidíssimo de todos e, pior, sabedor que o tempo não era propício para uma viagem tranquila. O ministro esqueceu, talvez, do tamanho da responsabilidade que carregava nas costas como relator da Lava-Jato. Deixou os brasileiros órfãos, preocupados e até mesmo desesperados quando pensam em Dias Toffoli, Ricardo Lewandovski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Ainda bem que o vencedor do sorteio foi o ministro Edson Fachin.

Esse baque sofrido na Lava-Jato poderia ter sido evitado caso Teori no momento em que foi convidado pelo rico empresário, tivesse sido mais prudente, usando a racionalidade.

Queríamos o ministro como sempre foi: autêntico, decisivo, contundente nas decisões. Nessa última operação não soube decidir e foi levado para o abismo! Todavia, só uma certeza nos resta, certos fatos acontecem na vida, simplesmente, sem qualquer sentido.

Na verdade, tornou-se desnecessária essa especulação sobre o ocorrido, acidente ou atentado. Tratando-se de conspiração, não há dúvida, existem e têm cada qual uma origem e um plano. Na teoria conspiratória, não havendo má-fé, têm uma única origem e um único intuito: são criadas porque o cérebro humano é uma máquina construída para conferir sentidos às situações que parecem carecer dele.

Não se vai à beira do abismo desprotegido!


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