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A Comunidade - minha escolha como o melhor de 2016

  • Luciano Bastos, DP
  • Jan 6, 2017
  • 1 min read

Thomas Vinterberg foi um dos fundadores do movimento dogma, onde se pretendia um cinema mais puro, sem truques, e conseguiu, com filmes como “Festa de família” e “A Caça”, fazer um uso adequado da tese minimalista, sem prejudicar o alcance que os filmes obtiveram nas bilheterias. Profundo, sem ser hermético, a obra de Vinterberg vem se firmando com interessantíssimos mergulhos na alma humana. Agora, com este “A COMUNIDADE” - em cartaz na cidade - o cineasta nos traz um mosaico magnífico de relacionamento entre pessoas vivendo sob o mesmo teto.

Os sentimentos mais preservados e mais íntimos vão aos poucos aflorando na superfície numa época em que a Europa vivia uma robusta revolução de costumes. A prova de que o ser humano é capaz de viver o coletivo sobre o individual não passa de intenções sempre atropeladas pela realidade.

O amor livre ao se impor como uma conquista também exige renuncias, e o fato de uma terceira pessoa incluir-se num casal flertando com a modernidade passa a ser também claustrofóbico, quando você se percebe fechado no seu individualismo. Podemos ver, em algumas passagens do filme, uma estética bergmaniana, sobretudo na câmera fechada em rostos acometidos pelo sofrimento. Há algo de aprisionamento, que pode sugerir algo de Bunuel e, mais do que tudo isso, há um elenco de atores extraordinários, com atuações soberbas.

Acho que o filme é um dos melhores lançamentos do ano. Vale conferir.


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