Snowden - Herói ou Traidor
- Luciano Bastos
- Nov 17, 2016
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O sub-título “herói ou traidor” foi acrescentado no Brasil, um tanto desnecessário já que a forma simplista e maniqueísta de julgar um personagem como Snowden é bastante difícil. Quando George Orwell escreveu o sombrio 1984, o mundo vivia ainda uma era pré-celular e os computadores ainda eram máquinas imensas, inacessíveis e de alcance limitado. Adivinhando um futuro não muito longínquo a obra de Orwell aponta um mundo totalmente controlado por um “grande irmão” que despreza qualquer tipo de reserva, de intimidade e de vida pessoal. Passam-se pouco mais de 20 anos e a aldeia global elimina a privacidade e admite monitorar a vida de qualquer um, entrar em sua comunicação pessoal, no seu banco, na sua conta e nos seus projetos. Os hackers subtraíram a confidencialidade. Edward Snowden foi um desses superdotados cibernéticos que conseguiram dominar a linguagem de poderosas máquinas e ampliar o sistema de vigilância global para a NSA . Com a desculpa de monitorar tudo por questões de segurança (o 11 de setembro deu forças a essa obsessão), o jovem “hacker” começa a perceber que a extensão desses sistemas são invasivos a ponto de servirem para estratégias de negócios lucrativos para seus patrocinadores. E a história todo o mundo conhece. Ao denunciar o esquema sórdido, Snowden passa a ser um inimigo mortal e acaba conseguindo um asilo na Rússia de Putin. O filme de Oliver Stone segue o estilo documental que o diretor acabou se especializando. Stone sempre fez filmes que se relacionam com a questões da América. Biografou dois presidentes (JFK e Nixon), denunciou em “Platoon” e “Entre o céu e o inferno” a intervenção equivocada dos Estados Unidos no sudeste asiático; fez “As torres gêmeas” e “ Wall street”, todos mostrando a fragilidade do sonho americano e por fim “Snowden” que vem a ser mais um título em que Oliver Stone mostra, sem pudores, uma America ambiciosa e embriagada com o seu poder. Se foi assim com um democrata moderado no poder, como será agora com o governo do magnata do cabelo ruivo. No papel título, Joseph Gordon-Lewitt tem uma atuação ajustadíssima, ao lado da gracinha Shailene Woodley que encarna Lindsay Mills, a doce, suave e compreensiva namorada do misterioso rapaz. Ele a deixava na ignorancia dos seus "top secrets" planos para que não sofresse ameaças na sua segurança. Ainda no elenco, Tom Wilkinson e sua habitual elegância. Em pouco mais de duas horas, Oliver Stone nos proporciona um espetáculo instigante e seguro.