Você já foi à Bahia, Nego?
- Sérgio Bandeira de Mello - Gico
- Jun 22, 2016
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Por meio da entrevista meia-bomba de Eduardo Cunha, transmitida com grande estardalhaço pela TV Câmara, o presidente afastado disse estar convencido de que não mentiu aos membros da CPI da Petrobras, razão de sua representação junto ao Conselho de Ética. É bonito ver Dirceu fazendo treinamento à distância, ensinando, pelo dom da palavra empenhada, o caminho das pedras até Curitiba. Cobrada por abandonar os deputados ainda de pé por um colega suspenso por outro poder, a emissora da Casa justificou a decisão pela relevância do entrevistado no caos que compõe o atual cenário político. Em nome do jornalismo prevalecera o poder da decisão, e não vice-versa, como denunciaram os tribunos subitamente subtraídos da ora robusta audiência, como se suas excelências estivessem ocupando os traços de um programa da TV Brasil. O fato é que o poderoso representado representou mais um papel além do higiênico, recurso que vem tentando utilizar para limpar o produto da condimentada versão que ainda alimenta a sua defesa, a que sustenta que a condição de único usufrutuário de milionário de trust não significa conta no exterior. Uma coisa é uma coisa. Another thing is another thing.
Esse “mais do mesmo” foi responsável pela parte chocha da coletiva meia-bomba. Já a parte explosiva estourou na Bahia, onde deve atingir Jaques Wagner, que teria negociado a permanência de Cunha na presidência pelo engavetamento do trigésimo nono pedido de impeachment da então detentora do trono, no caso provido de dupla metáfora. O ex-governador baiano, então chefe da Casa Civil, a mais vigiada do Brasil, teria oferecido três votos petistas além da complacência de seu alegado comandado, José Carlos Araújo, presidente do Conselho de Ética, homônimo do Garotinho das memoráveis transmissões esportivas da Rádio Globo – golão, golão, golão do Bahia.
Em contra-ataque à narração do episódio pela imprensa companheira, Eduardo Cunha atirou... e entrou na seara baiana, invadida pela nega em quem ninguém manda. Você já foi à Bahia, nego? Nega? Pois neguinho alugou meio-campo nas forças ocultas que regem a boa terra, forças ocultas a que Jânio Quadros atribuiu a sua renúncia, já pedida pelo principal aliado de Cunha na Câmara. Mas a renúncia do homem da vassoura, e não a ansiada atitude da bruxa aérea, é outra história de mistérios, fado que outrora se abateu sobre a Casa Civil. E parte pode ser lida a partir do romance policial Assassinato na Casa de Fados, cuja leitura começa pelo linkhttps://www.amazon.com.br/dp/B01H0YCNR6
Já foi lá, nego(a)? Então vá.