Vai pra casa, Padilha
- Sérgio Bandeira de Mello - Gico
- Jun 20, 2016
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Já se foi o tempo em que a casa mais vigiada do Brasil era a do Big Brother. Sem graça e repetitivo, no ar apenas no verão, o desprezível programa tem tudo pra alcançar, em pouco tempo, o traço que caracteriza o eterno Ibope da TV Brasil, a BBC dos sonhos de Lula e Gushiken. Ao fim e ao cabo, encontrará seu fim na tevê a cabo.
Graças à Lava-jato, operação que sucedeu com sobras de popularidade o Mensalão, Supremo sucesso da TV Justiça, retransmitido por canais abertos e fechados, o BBB mudou-se para duas casas, como filho de pais separados. Mora na Câmara baixa, dita a Casa do Povo, e também na alta, a Casa Revisora. Há ainda outra casa bastante concorrida nas vizinhanças do Legislativo, a Casa Civil, mas onde mora a sorte madrasta.
Espertos são os comunistas do PC do B, recolhidos ao programa Minha Datcha Minha Vida, onde podem comer os currículos de suas criancinhas da UNE e da UBES com inteira discrição.
Se, em um passado recente, havia uma clara intenção de certos brothers em abraçar a carreira política por meio de suas atuações vigiadas, abraços cobertos apenas pelo edredom, hoje ocorre o inverso. Jean Wyllys saiu da casa para entrar na política. Já Dirceu e outros menos votados saíram da política para entrar em Casa similar, onde são confinados e vigiados na medida do possível.
Campeã de audiência nos mais diversos horários, das seis da manhã, quando o ora afastado astro japonês batia à porta dos contemplados, até o final do último telejornal, a transmissão do assédio processual à mulher de Cunha chegou a arrasar a ex-seleção do ex-Dunga nos 90 minutos de agonia contra o Peru, tudo junto e misturado com o voto de Tia Eron.
A grande diferença entre os dois programas consiste na formulação do paredão, e não só pela indicação oriunda da delação do líder Delcídio. Apesar de não entender patavina da rotina do reality show imbecilizante, o da Globo, aquela emissora para a qual parte desinibida do povo não bobo abaixa as calças, posso garantir que não há anjos no que é transmitido pelas tevês Câmara e Senado.
Ainda assim, há que se alertar que, desde que Roberto Jeferson foi possuído por seus instintos mais primitivos, no episódio que ensejaria a inimaginável perda do mandato de Dirceu, o paredão é particularmente implacável com BBBs que se expuseram na Casa Civil. Isso sem distinção de sexo ou facção petista. São eles: Dilma, Erenice, Palocci, Gleisi, Mercadante, Jaques Wagner e Lula, o que foi sem nunca ter sido.
Por coincidência, todos estão enrolados no edredom da Lava-jato, mas só os sem mandato devem estrelar o BBB de inverno. Com Gleisi e Dilma ainda protegidas pelo escudo de Renan, Eliseu Padilha é o próximo a ficar exposto sem proteção. Tanto que já começam a falar da improbidade do gaúcho, que pode ir pra casa com escala em Curitiba.