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Volta, Querida!

  • Sérgio Bandeira de Mello - Gico
  • Jun 17, 2016
  • 2 min read

Em metáfora digna do cais do porto, área de atuação da Transpetro, Sérgio Machado afirmou que a Petrobras é a madame mais honesta dos cabarés do Brasil. Para quem só conversa de forma republicana com Jandirão e outros frequentadores das imediações, é bem provável.

Quem acompanha os meus artigos desde o primeiro (des)governo Dilma, sabe que sempre me referia ao ex-ministro Henrique Eduardo Alves como Henrique Eduardo Cunha. O Eduardo funcionava como uma interseção de interesses que unia o então presidente da Câmara ao poderoso líder do PMDB na Casa.

Já no Senado, com sua lógica e fontes de arrecadação próprias, o grande aliado do PT era dominado pelos denominados três tenores, Sarney, Renan e Jucá, vozes agudas em defesa do legado de Lula, portanto fiéis à insana, porém conveniente sucessora.

Tudo desandou quando Cunha aventurou-se a comandar a Câmara e foi peitado pela estrategista do Planalto. Com a cisão configurada na Casa, restava à rainha louca o culto à mandioca, a tecnologia embarcada no estoque de ventos e a cúmplice serenidade do Senado.

Se há uma coisa que não fecha na delação de Machado é a aparente desobediência ao padrinho Renan, notório adversário de Temer no comando do PMDB. E que o pedido tenha vindo de forma indireta, oblíqua, por meio de uma solicitação de Valdir Raupp, talvez um tom mais baixo no coro em louvor à Chalita, o suposto menino que buscava doações.

E Lobão, ministro de Minas e Energia, superior na hierarquia política da Transpetro, por que não emprestou sua voz à causa? E Cunha, unha e carne com sua interseção, ainda bem longe da tangência?

Logo um encontro fortuito na Base Aérea de Brasília, com as eleições municipais com destino a São Paulo já na cabeceira da pista? Não posso afirmar, mas parece coisa encomendada, para ficar no ar, como uma ponte aérea da FAB. Se ligarmos essa rota ao trânsito do pedido de impeachment de Janot, pode haver uma colisão de proporções catastróficas. Que o diga o último ministro a deixar o governo. Isso até as 11 horas da manhã de sexta-feira.

Depois de pedir demissão à titular afastada, por sinal o episódio que possibilitou o provocante desfile de Miss Bumbum pelas passarelas da Esplanada, na condição de primeira-dama do Turismo, Henriquinho pediu o boné de novo, agora ao interino.

O fato é que os poucos dias de Milena no poder não recatado, e muito menos do lar, fizeram deixar em segundo plano a sujeira dos bastidores da política. No período, emergiu da capital federal não a costumeira sacanagem de representantes contra os representados, assédio fiscal, mas a sensualidade da pessoa indicada a lidar com nossas belezas naturais e obras de arte.

Milena, mais que qualquer político profissional, representa a nossa sinuosa geografia, com grutas e reentrâncias as mais turísticas. Só ela concentra relevos topográficos de norte a sul, a ponto de poder dar show na moderna Praça Mauá do amanhã, onde poderá ser a ministra mais honesta do Cabaré Brasil.

Volta, querida, de preferência solteira, como titular do Turismo.


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