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Transparência demais

  • Sergio Bandeira de Mello
  • May 31, 2016
  • 2 min read

Se Temer tivesse ouvido as sábias palavras do redivivo tesoureiro do Mensalão, teria pensado duas vezes antes de batizar o ministério que uniu a fiscalização ao controle dos gastos da união de Transparência. Afinal, o uso demasiado do atributo em questões de governo é burrice - sentenciou Delúbio, ora ressuscitado por Bumlai, o amigo.

A máxima foi proferida ao ser o arrecadador e controlador de gastos do PT consultado sobre a legislação que quebraria o sigilo do doador de campanhas, fonte de enormes dores de cabeça dos últimos governos de coalizão em colisão. Isso quando as cabeças resistentes aos analgésicos e lenitivos não são simplesmente cortadas pela pressão da sociedade e/ou do corporativismo explícito, ultimamente dado a cenas de histeria coletiva.

Mesmo jogando o acinte da escolha do termo para escanteio, o lance ficou feio na foto ministerial, já que a implícita propaganda enganosa era absolutamente desnecessária. Tanto que, na primeira oportunidade, o nome inadequado renderia vigorosa reprimenda pública internacional por parte da entidade que leva o assunto a sério.

No campo da política, aprender com o erro alheio deveria ser a maior das virtudes de um postulante ao mandato de executivo-tampão. Apesar de haver robustos exemplos contrários nos planos municipais e estaduais, creio que no federal, vitrine sem tapume, foi didática a experiência de Itamar. O mineiro, partindo da filosofia do pão, pão, queijo, queijo, chegou a cortar na carne da república do pão-de-queijo, precisamente na Casa Civil. E, pelo andar da carruagem, não mais a marcha do saudoso Fusca, outros passageiros vão desembarcar na agonia da Lava-jato.

O fato é que um dia a casa cai, junto com eventuais recursos para a reforma. O pulo do gato é a economia sem pedaladas anticíclicas. E muito menos o cíclico populismo econômico da era Sarney. Entretanto, se o pulo se dá em direção ao telhado de vidro, pouco restará além dos cacos.

Tamanha foi a quantidade de erros cometidos pela infeliz economista que o vice entrou de sola. Porém, pecou no salto alto. Entre crassos, flagrantes e bisonhos, Dilma esgotou o leque de imbecilidades com muita propaganda enganosa e certezas acadêmicas. Contudo, ao contrário de Collor, abandonado à própria sorte, ela representa interesses e, portanto, conserva apoios.

Sucesso em ousados modelos de lingerie e enfadonhos governos nórdicos, a transparência ainda não pegou por aqui. Reagiu mal ao Machado traidor que vem decepando, de maneira inclemente, acertos por fios de bigodes e implantes capilares.

Creio que se Delúbio fosse consultado em suposto congresso da chapa Dilma-Temer em Curitiba, pra começar, talvez o tesoureiro recomendasse a aplicação de uma película translúcida para permitir a montagem da operação abafa-a-jato, cujo líder já deve estar na cabeça de Renan, o gênio.


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