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A Mesóclise

  • Sérgio Bandeira de Mello
  • May 25, 2016
  • 1 min read

Botar o pronome em meio ao tempo do verbo é tarefa perigosa, um vício, ainda que de linguagem. Dependendo daquilo ou daquele que representa o átono pronome oblíquo, uma total temeridade, cuja tônica é o medo da exposição pessoal em linha reta.

Em vez de consertar um eventual erro, adverti-lo-ia de que o uso abusivo desse recurso retórico pode levar à renúncia por forças ocultas.

Entretanto, acostumado a lidar com os bandidos, como bem destacou aos auxiliares e à imprensa, o interino não há de repetir o principal erro de Jânio, titular eleito, que desejava tão somente plenos poderes, usando a possibilidade do vice Jango como chantagem, temeridade enfrentada por Brizola.

Sem compromisso com o erro, Temer anunciou que fará como JK, cujo maior erro foi ter construído Brasília, separando o povo do poder. Poder-se-ia consertá-lo? Ou, assumindo proposta conciliatória, de inédito caráter concertante, consertá-la?

Já pelo lado oblíquo do erro de planejamento ainda em conserto, uma vez colocado certo senador na bandeja da Torre de Londres, há controvérsias regimentais sobre quem seria o primeiro a ser comido. Ilustre deputado alega questão de ordem para trazer para a Câmara o suposto desjejum patrocinado pelo judiciário. Quanto à responsabilidade pela introdução da matéria, assumi-la-ia.


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