top of page

O machado de Moro

  • Gico - Sérgio Bandeira de Mello
  • May 25, 2016
  • 2 min read

Presa fácil do traiçoeiro em desgraça, vítima dos próprios planos sobre planejamento, sufocado por sua língua solta, a cabeça ministerial de Jucá rolou na cesta. Cesta básica, de primeira necessidade, produto indispensável em qualquer limpeza sem falsa faxineira ética.

Em vez de estancar a sangria, como propusera o então eloquente senador, o pescoço seccionado a frio pelo fio da meada do Machado fez brotar mais molho pardo na galinha dos ovos de ouro da Justiça.

Com o montante já apurado e a grana preta que ainda há de entrar, ou voltar, melhor dizendo, a operação Lava-jato já é o maior retorno sobre investimento da história de qualquer iniciativa dos três poderes, sempre acostumados a trabalharem no vermelho.

Se o exonerado Jucá seguir o caminho recém-traçado para Delcídio, o ex-colega falastrão, talvez o líder de todos os governos pretéritos não tenha a mesma sorte de Mercadante e vá para a Torre de Londres. Aí, babau, Jucá vai ter de arrumar uma delação no capricho, novinha em folha, porque o cara implantado na Transpetro pela cabeça de Renan já usou o pequeno machado para escalpelar seu mentor. Este, por sua vez, há de acusar o pupilo de mentiras cabeludas, cujas raízes não atingiriam sequer seu vigoroso implante capilar.

Segundo fontes de Brasília, o temível Machado cearense prometeu aos seus insaciáveis inquisidores não ficar apenas nos resultados conseguidos pelo cabeça do Petrolão no Legislativo. Conforme o bem informado jornalista, o Machado com dotes de navalha já teria feito barba, cabelo e bigode, simplesmente os mais conhecidos do país.

Sobrará a Jucá apelar ao detalhamento das compulsórias contribuições conquistadas pelos protagonistas remanescentes, feitas igualmente à afastada e ao interino. Criminosamente legais e declaradas ao tribunal lavador de recursos, seriam as provas necessárias à impugnação da chapa Dilma-Temer. Pau de galinheiro eleitoral, poderia caber a Jucá a identificação de certas doações para os autos do processo que corre lento no TSE, precisamente as digitais sujas de petróleo e laquê. Ou desfrutaria de uma temporada de inverno na Torre de Londres.

Fruto da conversa entre isca e peixe grande, nota-se que o ora cartão-postal britânico é o apelido de uma Curitiba sem Tâmisa e sem rei, república perigosa, como bem disse o soberano impostor, cujo tesouro familiar era atribuído ao gogó de ouro e não aos impostos dos súditos. Transformado em sólido instituto, pode ser a derradeira pedra a tombar. Atingido pelo Machado emprestado por Moro ao Supremo, bastaria ao decapitado político cantar as pedras.


sergiomello <blogdogico@gmail.com>


bottom of page